Muito antes da ciência comprovar, se sabia: a música tem um papel profundo na saúde e no bem-estar humano. Hoje, estudos em diferentes áreas da medicina e da psicologia confirmam o que culturas ancestrais sempre praticaram — o som pode curar, acalmar, estimular e transformar.

A prática musical, seja ouvindo ou tocando um instrumento, ativa diversas regiões do cérebro ao mesmo tempo, afetando diretamente o humor, a memória, o foco e a regulação emocional. Em contextos terapêuticos, a música influencia parâmetros fisiológicos como a frequência cardíaca, o ritmo respiratório, a pressão arterial e o tônus muscular, promovendo relaxamento e alívio do estresse.

Além de seu impacto sobre o sistema nervoso autônomo, a música estimula a liberação de substâncias como dopamina, serotonina e endorfinas — associadas ao prazer, ao equilíbrio emocional e à sensação de bem-estar. Por isso, tem sido usada como ferramenta complementar em tratamentos para depressão, ansiedade, dor crônica, câncer, doenças cardíacas, síndromes genéticas e até nos cuidados paliativos.

Na infância, o contato com a música favorece o desenvolvimento da linguagem, da motricidade fina, da criatividade e da cognição. Desde a vida intrauterina, o som influencia o desenvolvimento neurológico. Estudos mostram que ouvir música na gestação pode ajudar a acalmar o feto e fortalecer o vínculo entre mãe e bebê.

Entre idosos, a música atua como ponte para memórias afetivas e estímulo cognitivo, sendo uma grande aliada no tratamento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. Em contextos clínicos ou comunitários, corais terapêuticos, oficinas musicais e práticas de escuta ativa têm se mostrado eficazes na redução da solidão, na promoção da empatia e na melhoria da qualidade de vida.

A musicoterapia, conduzida por profissionais especializados, potencializa ainda mais esses efeitos ao adaptar o uso do som e da música às necessidades específicas de cada pessoa. Seja em hospitais, escolas, clínicas ou grupos sociais, ela se firma como uma abordagem respeitosa, integrativa e profundamente humana.

 

Como disse o poeta espanhol Cervantes, "quem canta seus males espanta". Hoje, sabemos que não é apenas poesia: é neurociência, psicologia, fisiologia e, acima de tudo, uma verdade profundamente conectada à natureza do ser humano.